quarta-feira, 22 de julho de 2015

Anotações sobre o fim

Sabiamente Chico Buarque disse "Não se atire do terraço, não se esqueça depressa de mim". E esta é, certamente, uma das mais lúcidas frases a respeito do indigesto e insuperável assunto dos rompimentos amorosos.
Ah, o amor...o amor dentro de um relacionamento. Alguns tem a ventura de colecionar um bocado deles no decorrer da vida. Outros, verdadeiramente vivem apenas um amor e outros após são apenas versões repaginadas do derradeiro. Alguns simplesmente poupam o coração de tanto desgosto, outros nem fazem questão. Tem até os que vivem tentando e não conseguem sair da largada.
O fato é que, provavelmente, você que me lê, de alguma forma ou de outra, entenderá o teor do que digo. Se acrescentará outros ornamentos, cores, cheiros, encantos, fique à vontade, a história também é sua.
Pois bem, aquele amor doído, duradouro e finito lhe pegará de surpresa em qualquer momento de distração. Talvez um amigo o apresente em uma festa esquisita que felizmente vocês resolveram ir. Talvez se esbarrem em uma biblioteca. Dentro de um coletivo. Em paris. No boteco. No arraiá do Alceu Valença. No puteiro. Mas aquele maldito(a) irá aparecer. E lhe envolver em uma indefensável aura de encantamento. Se no primeiro ou no décimo encontro, acontecerá aquele beijo fatal. Em um dia qualquer você provará a mais deliciosa boca de sua vida. Será entorpecido por lábios, línguas, danças, abraços, mãos, dedos, cheiros, calor. O amor também é feito de efusivas reações químicas.
Por um longo ou curto período de tempo, vocês irão se amar. Criarão apelidos idiotas, sentirão saudades, farão sexo amavelmente e apaixonadamente, brigarão, se odiarão por quase um segundo e no segundo seguinte se amarão mais.
E..fim. Um dia vai acabar. Não necessariamente o amor, mas o relacionamento esvanecerá. A pessoa irá de fininho saindo da sua vida. E consciente ou inconscientemente você ficará perplexo ao constatar a amargura de nada poder fazer para ressuscitar um amor falido.
Qualquer hora você levará um épico pé na bunda em pleno sábado à noite, uma semana após o seu avó sair do hospital e do seu cachorro morrer, tremendo de frio, de fome, de decepção.
Vai doer, e como dói. Vai demorar um tempo recompondo os destroços do seu ego e de seu coração.
Contudo, um dia, novamente em um momento de distração, você perceberá:
"Não desidratei. Não enlouqueci (totalmente). Não tentei (novamente) me jogar do décimo andar.
Questão de opção em meio ao completo caos: Ser forte ou ser forte. Condição sine qua non para que continue rolando os dardos"
E você sobrevive. Cresce. Amadurece. Fortifica. Distribui os bons frutos por aí e engole ou descarta os frutos ruins. Cicatrizes, fazem parte. Decepções também. Deixa o novo entrar, menina. Deixa o perdão chegar e ficar. Deixa aquele riso habitual voltar. Não descarta todos os sonhos levianamente. Permita revolucionar o seu interior para, assim, revolucionar a sua realidade.

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