quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pensamentos desconexos da madrugada

A música embalava o meu caminhar. Eu ia deslizando pelo concreto e tinha vontade de rodopiar. Meu corpo livrava-se de todo cárcere enquanto minha alma estava em sintonia com a melodia. Logo cheguei ao ponto de ônibus. Sentei-me e permaneci em meu monólogo interior. Quantos mundos idealizados e castelos construídos. A razão considerava-me insana. Mas meus pensamentos são oceanos. Chega uma hora que se cansa de tanto imaginar. Em certo momento, encontro-me fatigada de tanto pensar e tão pouco fazer. Angustio-me procurando uma forma de transparecer. Escrever é uma forma de pôr em letras toda a tempestade de sentimentos que possuo. Sinto-me estúpida, por vezes: está na hora de por os pés no chão. Vamos crescer!
É claro que minha consciência repressora permanece por pouco tempo. O ônibus demora. Ao invés de girar  o meu pescoço à cada minuto para verificar a provável aproximação do coletivo, resolvo olhar para as árvores ao redor. Que generosas, concedem-me um delicioso abrigo. O céu estava radiante. O majestoso iluminava o dia. Dava vivacidade ao verde das folhas. As plantas sorriam pra mim e contavam-me preciosas lições. Transportei-me para um jardim sereno. Embaixo de uma mangueira, havia uma toalha xadrez, estendida sobre a relva. Tinha sanduíche, bolo de banana com canela e suco fresco. Tudo guardado com afeto em uma cesta. Cena típica. E faltava você. Com roupas claras. Branco, para combinar com a cor de seus cabelos castanhos. Você andava em minha direção, com um largo sorriso.
E logo penso: Bobagem, eu o conheço a três semanas. Só que aí eu me lembrei de sua música preferida. E agora estamos em um salão, dançando em meio à multidão. Giramos sincronizados e nada mais existe além de nós. E ele por acaso te ligou? E agora estamos conversando amigavelmente na porta do cinema. Amigos, apenas amigos. Pelo menos tornamo-nos algo. Você está agora me contando sobre a garota que você ama. E a senhora razão: Pare de dar uma de Mãe Diná, senhorita. Verifique o ônibus. Quando olho pra esquina, não é que o danado só aguardava a abertura do semáforo para apanhar-me. De súbito ponho-me de pé

terça-feira, 19 de junho de 2012

Tudo bem se não deu certo


 Eu achei que nós chegamos tão perto



Você está solteira e feliz. Tem muitos amigos ao seu redor. Seu coração está sereno. Um amor faz falta, mas com o tempo você simplesmente aceita a "solidão". Alguns acham que você é um tanto exigente e por isso acabará solteirona(e infeliz?). Você discorda e pensa que isso é apenas amor-próprio. Além disso, ela não é uma adepta ao "ficar". Ela gosta de namorar, compartilhar, lealdade, companheirismo. 
Entretanto, um relacionamento talvez pudesse atrapalhar sua careira. Nos últimos meses, ela vem esforçando-se em período integral, a fim de alcançar seus objetivos. 
Na passagem vertiginosa dos dias, ela acredita cada dia menos que um dia encontrará alguém. 
Um dia porém, o inesperado acontece. Ou aparece. Uma pessoa que você se identifica bastante. Alguém que está na mesma sintonia. Possui os mesmos gostos e desejos. E que corresponde a todos os seus ideais em um companheiro.
Os dois estão em um meio barulhento, risonho. Ela fica tímida e conversa muito pouco. Ele, introspectivo por natureza, analisa à todos e também conversa. A comida estava boa. Descobriram muito em comum. Ela   raptou por diversas vezes, olhares furtivos dele em sua direção...
Que olhar intrigante, porém interessado. Talvez de curiosidade. Como se desejasse falar algo. Ou de conversar mais. No fim, ele foi embora. Aquela era a despedida. Nunca mais o veria. Uma pena.
E ele apareceu, depois. No outro dia. Conversaram muito. Não precisaria de mais. Ela estava apaixonada. Um sentimento eufórico reinou nos primeiros dias. Uma urgência dominava seu peito. Nunca havia encontrado alguém tão especial. Ele era tudo o que ela sempre esperou. "Finalmente nos achamos". Ambos eram muito ocupados. E ela sempre achava uma "desculpa" para falar com ele.
O que sucedeu foi que ele assustou-se. Era um sentimento novo e genuíno. Ele precisava preparar o seu coração para um novo amor. E a incompreensão dela acabou por afastá-los. Fisicamente. Pois sentimentalmente, os dois estavam unidos. Ela se odiava por ter gritado aos ventos que tinha encontrado alguém ideal. Devia reavaliar melhor em quem confiar. Da próxima vez, seria mais cautelosa em seus sentimentos. 
Apesar do inicial fracasso, ela não desistiria. Ele não saía de seu pensamento. Daria um tempo para que ele digerisse os "últimos acontecimentos". Ela esperaria, pacientemente. Não desistiria. 

domingo, 17 de junho de 2012

Um garoto

Eram cinco horas da manhã de uma segunda-feira, do mês de junho. A aurora anunciava mais um amanhecer. O garoto sonhava. Ele descansava no colo de anjos celestiais. A música da lira embalava seus devaneios. E de repente, uma explosão. A pacificidade deu lugar ao caos. O despertador do garoto gritava estridentemente, anunciando o início de um dia agitado. Os olhos do garoto abriram-se. Ele contemplou por instantes à escuridão do seu quarto. Gostaria de poder ficar sonhando e não ter de ir trabalhar. O frio matinal de junho comprimia o seu corpo e o fazia desejar permanecer enrolado em suas cobertas. Contudo, isso não era nada perto do que viria à frente. Em um ímpeto, ele levantou. Quanto mais demorasse, pior seria.