segunda-feira, 20 de abril de 2015

Liberta de um claustrofóbico viver
Hoje aspiro a uma mansa vida
Meu caminhar é sereno e determinado,

Deixei as tralhas naquela casa vazia
Triste cativeiro dos meus vícios
que não pretendo mais cativar
O último beijo, o último suspiro, o último toque,
Para mim, tão sincero
Mal sabia que era de despedida

Teimei, voltei a velha casa, antigo abrigo de paixão
E de desespero
Muitas coisas vivemos lá, você sabe,
Contudo, nada restou, meu bem,
Nada além de lembranças, malditas e traiçoeiras lembranças!

Voltei, você sabe, pela última vez,
Talvez nem soubesse que pela derradeira vez estaria eu pisando na cerâmica sombria
Entreguei-me ao frenesi da loucura, aspirei até a última gota
Nem ligações, nem mensagens, nem qualquer outro álibi me fez mudar de ideia
Se aquele era o fim, o nosso fim, eu iria, portanto, até o último suspiro do nós
Nós calejado, tão débil, desesperado por partir deste inferno.

Depois de muito resistir, adormeci
Foi quando pela porta do quarto você entregou e despejou a sua infinita ingratidão
Moeu meu coração em frangalhos intangíveis, milhares de fragmentos sem compaixão
Tratou como verme o meu psicótico amor e minha lamentável falta de amor
Disse-me, sôfrego e encolerizado:
"Vai-te embora, nesta casa tu não mora mais.
Aqui tu não mais pertencerá, vai-te embora, já"

Nadei, bêbada, por náufragos nunca vistos antes pelo meu ser