sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Desafinado

Saindo da vibe das revoltas natalinas,
Eis aqui um antídoto para a cabeça e o coração:

"Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu"

Hipocrisia Natalina




 
Hoje é véspera da véspera de Natal, dia 23 de dezembro e eu já estou farta, indigesta. Mas não de peru ou de panetone. Estou saturada dessas hipocrisias natalinas. Primeiramente eu estava tentando ignorar. Depois, comecei a criticar mentalmente e ironizar. Agora, quando tudo se embrulha em meu estômago tão desconfortavelmente, que parei e percebi que me restaram duas opções: deixar-me levar pelo "Espírito Natalino" ou revoltar-me. Considerando que o primeiro, a meu ver, é uma hipocrisia, portanto segui a segunda.
Porém, não adianta, todos consideram que rebeldia é bobagem. Contento-me então a observar, observar. Objetivando o desabafo, resolvi fazer uma lista das hipocrisias que me deixam mais "puta". É, não preciso de uma palavra sisuda para descrever a minha indignação.
1 - É aniversário de Jesus, mas o presente quem ganha presente somos nós.
2 - Ao invés de seguirmos os valores e ensinamentos que o aniversariante deixou: paz, amor, solidariedade, caridade etc etc. O Natal está mais para a festa do capitalismo e do consumismo.
3 - O Natal é cheio de tradições. E a forma como as pessoas agem, quer mostrar que VOCÊ SÓ SERÁ FELIZ se segui-las.
4 - O décimo terceiro foi feito para à alegria natalina. Você só será afortunado e terá o carinho de seus amigos de parentes se COMPRAR presentes.
5 - Ir à shoppings lotados GASTAR é sagrado. Árvore sem presente não vale. Opa, mas não era o Papai Noel que os levará?
6 - O Peru assado é indispensável. Um chester, um pernil, um porco e familiares.
7 - Coma MUITO, gaste MUITO. Jesus quer te ver feliz, e não há maior felicidade que a mesa farta
8 - Reuniremos à família, e celebraremos os presentes, à comida. E o que mais mesmo? Sim, Jesus.
9 - Não nos esqueçamos, é claro, do panetone. Natal sem panetone não é Natal.
10 - Pessoas que são inconvenientes e mau-humoradas o ano inteiro, de repentes, contagiadas pelo ''Espírito Natalino" distribuem sorrisos e Feliz Natal, Boas Festas.
E depois volta tudo ao normal. É momentâneo. Os presentes, a materialidade e seguir as "tradições", não remediar, mas não curar. A tristeza e o vazio de nossos corações. Pessoas ainda estarão morrendo de fome, frio. Sem carinho, amor e esperança. Haverá ainda moradores de rua, assaltantes, viciados, negligenciados. Possuir, comprar, ter, não adiantará. Há coisas que não estão há venda. E não há valor monetário atribuível a estas coisas. O problema não é comemorar o Natal. A questão é a forma, e o sentimento das pessoas em relação à este. Vejo cada vez mais tristeza, solidão.
Utilizemos o Natal para celebrar nosso mestre Jesus. Independente se você acredite ou não. Proponhamos à reflexão. De nós mesmos. De nossas condutas e propósitos. Muitos estão despedaçados. Perdidos e anêmicos .Não vamos semear mais hipocrisia, pois isso é encontrado em abundância no Natal. Celebremos à união, o amor e a sinceridade.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Um amigo

Neste momento, é tudo o que eu mais aspiro. Infelizmente a realidade é bem diferente. Que bom seria que todos os anseios se transformassem em realidade. Impossível seria. O que me resta, são meia dúzia de amarguras, e uma tristeza sem fim. Procuro colo, um remédio. Um solução. Temporária talvez. Algo ou alguém, que afirmasse que tudo ficará bem. Que amanhã não choverá. Que eu acordarei com o sol irradiando seu esplendor pela fresta de minha janela. E um som sereno, não estridente, me fizesse acordar. Mas não seria um despertador. Nem a televisão ou a sirene dos bombeiros. Seria uma ligação. E quando sonolenta, eu espreguiçasse meu corpo enquanto minhas mãos tentassem alcançar o celular no móvel ao lado. Ímpeto, eu abriria meus olhos. E quando eu visse o nome da pessoa no visor do aparelho, daria um sorriso. O primeiro de muitos que viriam no decorrer do dia. Eu conversaria, e riria. Aqueles problemas e monstros não seriam mais os protagonistas de minha vida. Aliás, muitos deles nem existiriam. E depois, quando eu desligasse o telefone. Sentiria paz, força, amor. Seguiria em frente, enfrentaria o que fosse possível. E quando sentisse que iria fraquejar, eu teria a quem procurar
Deixemos os sonhos para lá. A realidade é bem diferente. E poderia ser. Mas como mudar o atual? Tudo se assemelha a um ciclo. Não tem para onde correr, ou fugir. Todos são vilões e vítimas ao mesmo tempo. Todos nós estamos tristes, saturados, desgastados das chibatadas desse cotidiano cruel e intolerante. O otimismo foi-se a tempos. Aquela história de que tudo é um aprendizado também. Dias e noites cinzentos. Não importa se há um palhaço ou centenas de brilhantes natalinos. Não importa se há pouco ou muito pouco dinheiro no bolso. Ter a roupa da moda ou viajar pra praia, tanto faz.
Tem horas que a insatisfação é tão intensa, que nenhuma materialidade pode reconstruir nossos corações mutilados. Não há sonhos, ou desejos. Não há a espera de um futuro bom. A ceia não será posta, o Papai Noel não trará presentes e não faremos aquela lista de desejos e metas para o ano novo.
Porque não esperamos mais. Vivemos cada dia e só. Estamos miseravelmente carentes. De amor, de amizade. Mas de verdade. Chega de coleguismo, puxa-saquismo e derivados. Estou cansada, estamos cheios de hipocrisia. Queremos o verdadeiro, sincero e duradouro. Uma ligação, um abraço, uma demonstração. Palavras, abraços. Auxílio, risos. Compartilhar, doar-se. E um tanto mais. Alguém que não desista de você. Alguém que sempre esteja com você, seja de corpo, ou de alma.
E será que seremos escolhidos para tal prêmio? Ou talvez o possuímos e estamos tão cegos que sozinhos não conseguimos mais reconhecer? O momento não é o mais propício para a resposta. Até porque o que fazemos no momento é pescar, procurar e criar as tais. Estamos solitários, mas não sozinhos. Clamando por um bom amigo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Secreto

Ficou tudo tão sem cor, depois que você se foi. Bem meu, você nem fez questão. De me chamar, ou telefonar. Desapareceu de repente. Mas eu pude notar. A falta que me faz. Queria te contar mais uma história e sonhar. Fazer planos, esquecer de tudo. Você foi uma das poucas pessoas que passaram em minha vida e naqueles momentos mais terríveis, conseguiu me acalmar .E por breves instantes, cessar minhas preocupações.
Mas querido, não somos de nós. É proibido. Não podemos quebrar as regras tantas vezes assim. Podemos apenas, sonhar. E acreditar, que um dia nos pertenceremos. Que poderemos sim, nos amar. Por hora é pecado. Tem que ser baixinho, sem pressa. Tem de ser um segredo nosso.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sem razões

A cada momento aumenta mais. Minha sóbria convicção de que nada sei. Já estou cansada, de sair por aí, sem rumo sem porquê. Não sei mais onde acharei estas respostas que a tanto tempo procuro. Tantas suposições . E mais algumas toneladas de ilusões.
Eu quis tanto seu sorriso. Estava disposta a qualquer coisa. Só que de repente, eu pude perceber. Eu não tinha que ficar procurando essas respostas. Elas sempre existiram, não precisavam ser descobertas. Era ridiculamente simples. O problema era que.  Eu enganava a mim mesma.
Por tanto tempo. Foi inusitado, mas eu sempre soube. Só estava adiando. Esquivando-me da verdade. Mas nada disso adiantaria. Uma hora eu teria que aceitar. E este momento chegou. Ainda desajeitada, em passos lentos. Precavida, tentando ao mesmo tempo manter-me atenta e por outro lado esquecer-me de tudo. Apenas sei que, desta vez. Não tenho a menor pretensão de acertar. E já vou deixando de ter pressa. Vou guiando-me mansamente, e que tudo aconteça como deverá ser.

Não sei quantas almas tenho


Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo :  "Fui  eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa 

domingo, 3 de julho de 2011

Querido amigo,

Creio que tenha demorado tempo demais para te escrever. Mas não é tarde, nunca será tarde ou em vão. Talvez você não compreenda mais, e talvez nem te interesse mais saber.
Fiquei esperando sua resposta por dias. Fiz-te esperar tanto, e você acabou por desistir de mim e não esperar-me mais. E não lhe culpo, pelo contrário, peço-te perdão. E que como aquelas tantas outras vezes passadas, consiga perdoar-me. Ou tente. É o meu único pedido.
 Quero também que saiba que estou estranhamente triste e sozinho. Queria muito conversar contigo, mais creio que não consiga mais me ouvir. E isso me dói tanto. Saber que te perdi, e que não mais terei sua amizade.
Um punhal abita em meu peito, e eu mesmo o cravei. Aos poucos, bem lentamente. Só que subitamente percebi. E não sabia mais o que fazer. Agora ele se tornou meu novo amigo, meu companheiro inseparável. Agradável ou não, ele está presente. Mas sempre, estou sozinho. Cercada por pessoas, queridas ou não, estou longe. Distante, perdido. Não sei mais em que direção seguir. E não sei mais o que fazer sem você aqui.
Creio que conheceu outras pessoas em sua viagem. E acredito que elas sejam mais alegres e agradáveis. Desculpo-me por não te procurar com boas notícias. Você sabe, as coisas andam amargando faz tempo, e boas novas acabaram tornando-se tão escassas. Queria mesmo, te procurar só pra falar do meu amor e carinho por você, da minha satisfação com a vida. E tornou-se inatingível.
Acabei me contentando com as migalhas. Não tive garra o suficiente para lutar. Refugiei-me em sonhos platônicos e ilusões. Fiz delas minha morada. Mas são tão instáveis. Desfazem-se rápido, e com medo de encarar mais uma vez a dor, fui construindo em seguida, por cima dos destroços das outras, mais algumas toneladas de irrealidades, e fui deixando levar-me.
Há dias acordei, e comecei a desfazer, pedaço por pedaço, todas as insanidades e incongruências. Mas foi tarde demais. As únicas concretas e certezas perderam-se no meio de tanta mentira. Não sei mais como proceder. E não terei mais você.
Espero do fundo de meu coração, que aproveite todas essas novidades que vem acontecendo em sua vida. Quero toda a beleza do mundo a você. Desejo apenas que não me esqueça.

domingo, 26 de junho de 2011

Platônico

Te vejo assim, rapidamente. Rápidos segundos e troca de olhares. Tento captar, raptar-te para mim. Mas tu és tão veloz, que fico paralisada, imóvel. Perco-me, e quando retorno a lucidez tu já desapareceste.
Sei porém o bastante. Decorei teu rosto e olhar. Desejo tanto conhecer-te, desvendar-te. Mas, por enquanto permaneco aqui limitada, só aguardando tu passar. E quando se vai, resta-me apenas sonhar. Lá podemos ser nós. Lá é permitido. Mas será que é real?

sábado, 25 de junho de 2011

Irracional

Não era minha intenção. Juro. Não pretendia magoar. Já perdi a razão à muito tempo. Deixei-me dominar por minhas emoções e julgamentos equivocados. Só quero que entenda. Aquilo vinha me magoando a muito tempo. Vim guardando e levando comigo para todo canto. Até que chegou um momento  que não aguentei mais. Estava angustiada e a tempo demais observava. Minhas conclusões já estavam preparadas, apenas esperava o momento oportuno. Só que fiquei magoada, sem sentido. Você me feriu. Meu peito gritou de dor. E não pensei. Os mais diversos e desprezíveis sentimentos inferiores tomaram conta de mim. Não poderia aceitar seu descaso. Simplesmente quis que pagasse com a mesma moeda. Sentisse o mesmo que eu. Independentemente do quão baixo e imundo eu teria que ser. Não importava mais nada. Estava contaminada pela amargura. E queria contaminar-te também. Regurgitar tudo. E mais um pouco. Afinal os superiores, como sou, jamais podem ficar em desvantagem. Hesitei alguns breves instantes. Mais os barrulhos atiçaram meus ouvidos. Eu sangrava, clamava por ajuda. E você, conversava. Tranquiladamente. Até que chegou o momento. Ímpetos me dominaram. Agi como um animal selvagem para cima de sua caça. Que tola. Mais uma vez. Somos só angústia e incompreensão. E haverá perdão? E será que eu mereço teu perdão? São perguntas que nem devem ser respondidas agora. Tudo está prematuro demais ainda. Não tiremos conclusões. Sigamos apenas, com nossas ulcerações infinitas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Construção  

Composição : Chico Buarque

''Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague''


BILHETE
''Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...''
Mário Quintana
Pode ser que este passado esteja mais presente do que nunca. Mas qual a utilidade de falar nisto? Me calei. Escondi e mais uma vez procurei guardar. Em uma cômoda velha, já esquecida. Na última gaveta, bem no fundo. Peguei a chave, dei voltas, coloquei um cadeado. Imaginava que finalmente, estaria segura e que nada daquilo me encomodaria mais. Que tola. Poderia colocá-los onde fosse que não deixariam de existir. Pensei em algo mais radical. Colocar fogo talvez. Porem algo me alertava que, eram marcas indeléveis. Elas viviam em mim. Eu apenas poderia optar por continuar perdendo meus preciosos dias tentando dar um fim a elas, e dissimulando não importar. Ou simplismente deixá-las, seguir em frente. Não deixariam de existir, eu que não deveria dedicar-me tão fielmente a elas. Tão fácil dizer.

sábado, 18 de junho de 2011

Preciosidade

 E estes teus ohos. Que olhos. E que brilho. Imensurável, apaixonante. São farois, estrelas, vagalumes. E sublimes. Uma mistura de paixão e serenidade. E tudo isso enlouquece-me. Daria tudo para tê-los para mim.  Me entregaria sem questionar uma mísera vez.
Que olhar tu tens. Inebrio-me. Mas hesito, tenho medo. Que nunca me pertençam. E será que me amas? Será que esta preciosidade sorri assim, tão amavelmente só para mim? Por quanto tempo terei de esperar para ser senhora dessa luz indelével?
Como sou tola. Tenho que parar de criar estes castelos. Essa pilhas de sonhos e anseios. Tento incessantemente manter meus pés no chão. Mas meu coração, este pobre e ingênuo coração, insiste em voar. Em inventar e criar mundos. Depois volto. Tudo desaba. Até quando manterei-me neste ciclo incessante?
Não irei exigir de ti juramentos. Mais espero que não seja tanta ilusão assim. Pois estou em inquestionável estado de encantamento.
Procuro na multidão. Por todos os cantos. Investigo, tento raptar olhares. Descubro verdades, alegro-me. Porém não há nada que se possa se comparar, aos seus belos olhos negros , que são os mais preciosos diamantes deste mundo.
E que resta a mim? Esperar, esperar e sonhar. Que te terei um dia ao meu lado. Quero-te imensamente. Se não podes corresponder como espero, tudo bem. Perdoa-me, mas não vai-te embora, quero-te sempre ao meu lado. Infinitamente. Todos os dias. E até o fim deles. Admiro-te tanto tanto. Será que um dia serás meu?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

                                 ''O teu amor é uma mentira. Que a minha vaidade quer. ''
Espaços vazios. Que não doem mais. Que simplesmente não cabem mais ninguém, nem nada. Não eram. Mais agora são. Feitos  do vácuo do nada. Não que signifique que seja um empecilho. Pelo contrário. É uma marca do sofrimento, transformada em indiferença. Descobri por acaso. Assim simplesmente. Vendo que quem não mais se encaixava, ou fazia falta eram eles. Só. Se a transformação ou problemas decorrentes foram meus, ou seus. Não mudará nada. Não será mais igual. E o que me resta agora? Seguir em frente, e permanecer com meus pedaços vazios. Pode ser que amanhã, eu acorde com boas notícias. E com novas pessoas. Nada substituirá, e eu levarei assim, sempre sempre, esses pequenos carimbos em meu peito. Curam-se, cicatrizam-se. São armazenadas, tiradas do foco de nossa atenção. Pois bem,
 Só não queria mais mal-estares. Mal-entendidos. Vamos deixar tudo em pratos limpos. Essas desavensas subentendidas são degradantes. Mais hora ou menos hora deixarei tudo bem claro. Com sua aprovação ou não. Pois não importa mais. É um espaço oco, vácuo.

sábado, 11 de junho de 2011

Carolina estava meio assim. Em um estado indefinido. Ultimamente andava tão perdida. Sem rumo, sem porquê e sem razão. Saia por aí, andando pelas ruas. Sem objetivo quaisquer. Fazia por fazer. Caminhava pra ver se esquecia. Pra se distrair e não ter que encarar a sua atual amarga realidade. Conversava com o sol, o vento. Fazia-se princesa, com farta comida na mesa e um amor para amar.
Via as árvores, os pássaros, crianças e cachorros. Os prédios, carros, confusão. Tragédia, miséria. A cada passo, uma imaginação. Ia a Paris, Tokio, New York. Não existiam obstáculos.
Certa vez, enquanto contemplava flores em um jardim, viu um moço, aos prantos andando do outro lado rua. Comoveu-se com a cena, e sem acanhamentos, atravessou e  foi até ele
- Eu posso te ajudar? - disse Carolina, chegando perto daquele moço
-Ninguém pode - respondeu o mancebo hesitante, de cabeça baixa.
- Não tenho o direito de interferir em sua vida, mas saiba que tudo no fim se ajeitará, se não tiver jeito é porque não chegou a fim - replicou Carolina
Daniel era seu nome. Tinha 22 anos. Não importava qual era o seu drama, não conseguia entender qual a razão daquela menina vir falar com ele. As pessoas geralmente não eram assim. Pelas chibatas recebidas em sua vida, tinha concluído que a sociedade era hipócrita e irremediavelmente egoísta. Infelizmente não confiava em ninguém. E sofria por isso.
- Não acredito nisso. E porque se importa comigo, se acredito eu que seja a primeira vez que me vê? - Respondeu Daniel, levantando a cabeça e vendo pela primeira vez Carolina. Fixou-se alguns intanstes em seus olhos. Redondos, assustados. Serenos e profundos. De um azul do céu imensurável. Inebriou-se. Perdeu a razão. Navegou alguns instanstes, divinos instantes. Tentou decifrá-los, mais foi derrotado por aquele brilho avassalador.
Enquanto o moço parecia sem reação, Carolina respondeu o seu questionamento
- Eu te vi chorando, não gostei. Me comovi com a cena e resolvi tentar ajudar. Minha intenção é boa, não quero o seu mal
Daniel voltou a Terra. Que divina criatura cruzaste seu caminho. Estava apaixonado. Sim, foi rápido. Mais rápido que pudera pensar, imaginar. Não teve chance de defesa. Chegou, o arrebatou. Minutos antes tudo era escuridão. Mas agora só havia luz. Daqueles olhos. Que olhos
- Me desculpe, se fui estúpido. Eram motivos bobos. Que nem me lembro mais, que não importam e não existem mais. Te encontrei. - disse o mancebo, todo sorridente
Carolina retribuiu o sorisso, e ficou meia sem jeito.
- Mas se é julgado grave ou não, é real e te faz mal. Te magoa, e lhe faz chorar. Não ligue. Veja aquelas flores. Não são lindas? - Apontou Carolina para o jardim que admirava antes do encontro

domingo, 5 de junho de 2011

Constable





''John Constable é o pintor a quem se deve a amálgama e depuração dos diversos modos de tratar a paisagem da pintura inglesa. O seu naturalismo sincero tanto reflete paz e serenidade como atmosferas instáveis e em mudança. O seu uso da cor é atrevido e livre, o que provoca a admiração dos impressionistas franceses. São famosas as suas paisagens com a Catedral de Salisbúria ao fundo, feitas a partir de diferentes pontos de vista e com diferentes iluminações.''

Vontade incessante

Pertinente. Grande simpatia e apreço pela inércia. Pelo não fazer. Mais fazer. Ficar sem fazer nada. Dedicar-me apenas a sonhos. Cansei de rotina. De normas. De fazeres e afazeres. Quero liberdade. Ter o dia inteiro só pra mim. Ouvir uma música, andar pelas ruas sem direção. Conversar com desconhecidos. Embriagar-me. Observar, entreter-me. Tenho sede de descoberta, do desconhecido.
Ir a uma biblioteca, ler um livro. Fazer uma poesia. Ser poesia. Viver de poesia.
Seria esta masmorra interior ou exterior? Tanto faz, preciso apenas achar a saída. Vencer estes obstáculos. Será? Será? Quanto mais eu penso, menos certezas eu tenho. Vou deixar levar-me, e seja o que for. Virá
Que saudade mais insistente. Nostalgia incoveniente.
Não voltará mais. São feridas já cicatrizadas. Tantas primaveras se passaram.
Mas impetuosamente, tudo volta a tona. Revivo as cenas, os momentos. De uma perspectiva tão diferente, mas bem igual. Ao mesmo tempo que excomungo e digo: ''Nunca mais'' é o que eu mais aspiro. Esqueci, superei, mas estes pensamentos me assaltam frequentemente. Não como escapar. E não há volta. Como concertar, reparar ou retomar. Foi-se, extinguiu-se. Restam apenas estes pormenores. A carta, as fotos, declarações. Estes aos poucos vão-se indo, mas as lembranças permancem vivas em mim. E doi. Como doi. Pensar em ti. Em nós. Poderia ter sido tanto. O quanto foi disperdiçado, perdido. Enlouqueço. Reviro-me do avesso. Quanta felicidade jogamos ao vento. Não queria voltar atrás. Queria recomeçar, daqui.
Enquanto fico aqui, tentando curar este passado, vou perdendo meu presente, meu futuro. Cada vez torna-se menos frequente. Sinto-me tola, mais o que eu deveria fazer?
Foi inesperado, e é inesquecível. Querendo ou não, nada tirará isto de mim. Faz tempo, eu sei. Já virou assunto proibido. Disco furado. É chateante, entediante. Repetir os mesmos. Mais é inevitável. Perdoe-me mais tenho que escrever. Relatar tudo o que permea em meu peito. Não posso te ter em meus braços mais. Meu amor não é mais meu, é de outro alguém.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Leo flagrava-se por vezes seguidas nos mesmos pensamentos. Era degradante, mas sozinho não conseguiria solucionar seus problemas. Era triste, mas confuso como estava, acredita que apenas a opinião dos afins o ajudaria. Todos tentavam auxiliar, encorajá-lo. Problema era que era um moço demasiadamente orgulhoso.
  Permanecia com sua ignorância e desvirtudes. Acabava por fechar-se em seu mundo interior, secreto, onde ninguém tinha acesso. E nele passava horas. Dias. Meses. Criava, recriava. Construia castelos de ilusões. Inventava felicidade. Contentamento e vontade de viver. Mais no fundo era triste, hesitante. Muita fantasia, poucas realizações.
Muitos amigos sim, era querido. Mas por ser tão mutante, nem todos conseguiam compreendê-lo por inteiro.
E assim foram-se meio ano. E Leo não encontrara soluções. Ia fingindo que estava tudo bem, empurrando com a barriga, e angustiando-se cada vez mais. Isso tornou-se hábito, e aqueles que conviviam com eles diariamente já estavam cansados das mesmas reclamações incoerentes. Era algo muito difícil, mas depois de tanto tempo pesquisado, debatido, sofrido e pensado, simplismente desgastara-se e haveria por ter algo a mais por trás de seu cárcere interior.
Como escapar? Antes dos tais fatos que mudaram radicalmente sua vida, Leo era mais alegre. Mais divertido, interativo. Sempre de bem com a vida e com todos. Gostoso era estar ao seu lado.
Mais os desatinados acabaram por ofuscar tal brilho. Acizentou-se. Não poderia ser dissimulado pois era gritante, inegavelmente real. Concreto. Não existiam aparentes modos se apaziguar ou curar Leo. Mas ele precisava, ser salvo. De que forma., ninguém ainda descobriu. E por enquanto ele continua em seus passos, certeiros ou não, na busca do certo. É refém da sociedade. Refém de si próprio.
Leo não precisa de um amor. Não precisa de amizades. Nem de carinho. Ou de atenção. A única coisa que ele anseia desesperadamente é liberdade. Mas isso ele terá, mais dia ou menos dia. Que Leo tenha paciência. Que permaneça em sua luta. Que não desanime. Recomeçamos todos os dias. Vitórias, derrotas. Tudo faz parte. Do aprendizado. Da vida.
Todos nós temos um pouco do Leo dentro de nós, não seria? Que tenhamos força!
Soneto do só

Depois foi só. O amor era mais nada
Sentiu-se pobre e triste como Jó
Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
Espantado, parou. Depois foi só.

Depois veio a poesia ensimesmada
Em espelhos. Sofreu de fazer dó
Viu a face do Cristo ensangüentada
Da sua, imagem – e orou. Depois foi só.

Depois veio o verão e veio o medo
Desceu de seu castelo até o rochedo
Sobre a noite e do mar lhe veio a voz

A anunciar os anjos sanguinários...
Depois cerrou os olhos solitários
E só então foi totalmente a sós.

Vinícius de Moraes

domingo, 29 de maio de 2011

Indagações infames?

Pois bem, hoje pela manhã me peguei indagando sobre o amor.
Observo que atualmente, este está banalizado e vem perdendo sua essência verdadeira.
"A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela."Manoel de Barros
E será, que neste plano, existe esse amor genuíno, puro, sublime, como o de Deus? Cada vez mais tenho certeza que não.
Amor pra mim é algo extraordinário, que meu miserável conhecimento não sabe definir.
Apenas sei que o amor não é egoísta. O amor não exige. Não cobra. Nem julga, pune.
Ele acalanta, traz paz. É seguro. Confia cegamente. É o dar, sem pedir nada em troca. É o esquecer-se de ti mesmo, para doar-se unicamente ao outro. Mas sem deixar-se de lado.
Sofrimento é antagônico. Lágrimas também. É inerentemente recíproco e companheiro.
Se não faz não é amor. É paixão, é obsessão, carência.
Pode surgir subitamente, mas as provações e os anos o fortificarão.
Se acabou, esfriou não é amor. É uma chama eterna.
Por isso acho, que deve-se tomar bastante cuidado com as palavras. 
Com estes ''Eu te amo''
Ditos por convenção
Não sinceros
Que podem partir corações
Alimentar ilusões
Eu que não
Me atreverei
A me aventurar por estes mares desconhecidos
Perigosos
E inebriantes
Me aquetarei
Sem emoção
Diversão e
paixão
Não precisarei, por conseguinte
Desiludir-me
Nada novo
Pés no chão
Mente nas nuvens
Impossível de ser resgatada
Ou amada
Menos ainda glorificada
Coração  mais sem razão.

sábado, 28 de maio de 2011

Alienação

Recomendo - Documentário

http://video.google.com.br/videoplay?docid=-570340003958234038&hl=pt-BR#
''Além do Cidadão Kane é um documentário produzido pela BBC de Londres - proibido no Brasil desde a estréia, em 1993, por decisão judicial - que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro. - Os cortes e manipulações efetuados na edição do último debate entre Luiz Inácio da Silva e Fernando Collor de Mello, que influenciaram a eleição de 1989. - Apoio a ditadura militar e censura a artistas, como Chico Buarque que por anos foi proibido de ter seu nome divulgado na emissora. - Criação de mitos culturalmente questionáveis, veiculação de notícias frívolas e alienação humana. - Depoimentos de Leonel Brizola, Chico Buarque, Washington Olivetto, entre outros jornalistas, historiadores e estudiosos da sociedade brasileira.'' Depois farei um post comentando sobre tal e derivados.Boa semana à todos

Mudando a direção

Pois bem. De hoje em diante mudarei o foco deste blog. Inicialmente foi elaborado para desabafos existenciais, amorosos. Porem agora, compartilharei as coisas de que eu gosto e acho interessante. Textos de minha autoria. E outras coisinhas a mais. É isso, boa noite

sábado, 22 de janeiro de 2011

Você e eu

Então comecei a perceber, que, embora seus pequenos e grandes gestos de descaso, mesmo por querer, ou conscientes, cada dia menos, doíam em mim. Antes, qualquer gesto de não atenção ia fazendo rachaduras, até que eu me quebrava em pedaços. Recompunha-me, reerguia, e novamente me quebrava. O pior que você nem imagina que me doa tanto assim. Chegou a me perguntar, se você que me fazia chorar. Eu neguei. E não era. Naquele dia estava muito confusa, tinha outras coisas em mente e por mais sofrível que isso seja, essas lágrimas não te pertenciam. Fomos ficando ausentes um do outro. Acostumei-me ao seu não estar. Com o passar das semanas e nossos encontros rápidos, cheios de compromissos, problemas à resolver e pouco tempo para nós. Sim, você não tem culpa. Nunca poderá ser o que eu queria que fosse. O que minha fantasia queria e achava que fosse. Seremos amigos. E eu não acho ruim. Prefiro verdadeiros amigos à amores. Gosto muito de você. Admiro demais, demais. Queria-te tanto. Como meu namorado, como meu ficante, confidente, companheiro e nos sonhos mais loucos e fantasiosos, meu marido. Neste momento, só consigo escrever estes verbos no passado. Mas, quero-te por perto. Muito. A questão é, meu sentimento por você está em análise, transformação. Ele se torna mais forte, a ‘’prova de baques e ilusões’’. Deve ser a paixão, louca, cega, avassaladora, se transformando em uma grande amizade, em um amor! A vida me surpreende bastante, então, faço de suas palavras as minhas: Deixa rolar, deixa acontecer naturalmente. Que seja.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tudo que você precisa está dentro de você. Não adianta procurar nas pessoas, ou em coisas. Elas estão e sempre estiveram aí. E no momento em que você se sentir mais perdido, elas aparecerão e lhe darão ás mãos.

Sabe qual o nosso problema?

Criar expectativa demais. Esperar demais. Querer demais. Desejar demais. Sofrer demais. Tudo demasiadamente exagerado. Agora, vamos parar pra refletir. Pra que tudo isso? Qual a razão de desperdiçar tanto tempo e deixar de viver tantas coisas, esperando, sonhando, se culpando pelo passado e fazendo planos pro futuro. Viva o agora.
''Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia.''
Paulo Coelho

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Vazios

Vazios, assim estão sendo meus dias sem você. Digo que não gosto, que não quero, que não preciso. Que não tenho ciúmes, que não ligo. Mas sua falta já está abalando totalmente minha rotina. Construída pra você. Adaptada, modificada. Sem você saber. Só pra te acompanhar, pra ter você mais perto de mim. Sinceramente, não sei mais o que fazer. Não sei se me ama, e tenho medo de investir demais em algo que talvez nunca aconteça. Mas esta última semana foi uma tortura. Quase nada restou. Uma neblina de desconfiança e tensão de ergueu entre nós. E os poucas horas que passo ao teu lado, é insuficiente. Eu quero mais. Quero muito mais. Tudo está vazio. Falta algo. Acho que me entreguei rápido demais, criei expectativas inatingíveis. Tento-me distrair, mas não dá. Eu juro, vou tentar. Saiba que á cada vez que lhe procuro, tive que vencer uma grande batalha interior. Há tempos tento te esquecer, lhe substituir. Mas não é tão fácil assim. É paixão. Avassaladora. Encantei-me de uma forma inexplicável, estranha, doentia. Muita admiração. Atração. Talvez um pouco de química, um pouco de carência. Que seja, neste momento eu preciso de você. Mas eu juro, irei trabalhar isto em mim. Não precisar de você, não girar em torno de ti.
Será que resistiremos a esta tempestade? Se sim sairemos mais fortes, unidos, invencíveis. Se não, isto apenas servirá para não prolongar esperanças, e para que sigamos nossa vida.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A Madrugada me inspira

Ela me chama, não ousar recusar, ou resistir. Não que ache ruim. Faz bem. Depois do dia, da noite, a madrugada é o início do dia, o fim da noite. É um meio termo. Traz inspiração, renova as idéias. Sempre é quieta, silenciosa. Traz esperança. É sempre bom estar contigo.