segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Vicissitudes quaisquer

Sim, dê-me um calmante e um bocado de gim, como solicitou o eu-lírico da bela canção "Bastidores", do Chico Buarque. Hoje eu não irei mascarar minha decepção e deixarei, pelo menos por hoje, que essa melancolia permaneça no ambiente. Não pretendo remoer sentimentos avessos. Quero apenas aproveitar essa onda para refletir. E quem sabe na introspecção, eu possa achar algumas possíveis respostas para enigmas inssolúveis.
Prossigo em minha caminhada. Um tanto mutilada, um tanto realizada. O fato é permanceço. Coleciono lições e levo algumas cicatrizes.
Quando acordo pela manhã, tudo parece estar renovando-se. Um novo recomeço, mais uma chance de fazer tudo de uma forma diferente. O clima é ameno, sereno. As nuvens despertam e o céu amanhecido parece uma pintura impressionista. Cores misturam-se de forma misteriosa, harmoniosa e apaixonante. Rendo-me à magnificência da natureza.
Contudo, o dia vem. Papéis, papéis, papéis. Movimentos mecânicos e paredes sóbrias. Infinitos movimentos mecânicos e muitas aspirações reprimidas. Sim, eu queria ser livre e flanar por aí.
E mais uma vez, coloco-me a refletir sobre a relatividade dessa tal de liberdade.
Por um lado eu estou sendo livre. Fazendo o que sempre quis e acredito ser certo. Sendo que se eu não estivesse fazendo tais coisas, provavelmente eu estaria frustada por não fazê-las.
Em contrapartida, esse fado é duro. Existem tantos motivos que levariam-me a desistir da luta. E apelo para a força interior. Renitente, dia à dia, vou retirando pedra por pedra. Na maioria levo tombos. Daqueles que nos arrastam para buracos de onde é mais confortável não sair. É árduo recompor as forças e enfrentar o mundo.
Mas, meu amigo, eu já me acostumei à esse círculo vicioso. Isso não torna as coisas mais fáceis, habituais talvez. O fato é que estou aqui, de queixo erguido e armas na mão. Preparada para a próxima batalha. Felizmente, ainda é preciso tremor maior para ameaçar seriamente as estruturas. A tormenta passa. E depois o sol sempre retorna, sempre. Ainda bem, ainda bem.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A menina que vivia do sonhar

Certa vez existia uma garota, bem garotinha. Criada para ser donzela, ter hábitos finos, brincar de boneca, ser simpática com todos que os rodeavam e acreditar de forma absoluta em contos de fadas e nos encantos de príncipes.
O tempo passou e a vida trouxe algumas amarguras. Talvez essas amarguras sempre existissem, mas só a partir de determinada idade que a garota começou à senti-las. Nada foi abrupto. De pouquinho em pouquinho, ela foi desacreditando em algumas aspirações. Em contrapartida, a ausência de sonhos era inviável. Esses eram como um antídoto contra toda a usura e abandono que aos poucos destilavam-se ao seu redor. E contrariando as expectativas, ela não fez uma tatuagem. Tampouco fez um piercing. De uma forma serena, mas não indolor, ela ergueu o seu próprio mundo particular.
Um mundo inacessível e inatingível. Bastava imaginar e criar. O mundo material representava empecilho algum à esta terra maravilhosa. Nunca sentia-se enfadada de seu tenro ofício. Sonhava, sonhava e sonhava. Agora não mais com príncipes e histórias de amor maravilhosas. Conheceu o doce-amargo do amor. Descobriu que à "antropoperfeição" não existia. Pessoas eram complicadas, confusas, contraditórias e egoístas. Todavia, a garota gostou disso. Perceber e aceitá-las era uma parte realista de sua rotina demasiadamente subjetiva, com uma exagerada vivência interior e um desconhecimento do exterior.
De pouco em pouco, como a flor que desabrocha, a garota foi aumentando o seu contato com a vida concreta, com à vertigem da vida na cidade e com as quebradiças relações interpessoais. Em meio à contradições inexplicáveis. O seu sorriso era o seu maior escudo contra qualquer sentimento torpe. E a alegria era o seu brado contínuo.
A tempestade veio mais uma vez. E arrastou suas belas ilusões junto. A garota ficou desamparada. Por dias, suas lágrimas tentavam reencontrar um caminho à seguir. Pensou estar perdida e sozinha. Rebelou-se. Não aceitou a perda. Mesmo sabendo que tudo acontecia por um motivo, daquela vez ela insistiu em ignorar a verdade. Insistiu em ideias amorfas. Perseguiu pessoas que há tempos já haviam seguido em frente. Contentou-se com abraços frios e sorrisos maquiados.
E mais uma vez, entrou em cena o doce-amargo da vida. Em meio à tanta dor e ilusões substitutas de ilusões perdidas, ela encontrou o seu caminho. Como um arco-íris que surge após a tormenta. Deus colocou anjos em sua vida. Sendo que esses à guiaram a serviram de esteio e abrigo.
O tempo foi passando e tudo se ajeitou. As mudanças configuraram-se inevitáveis. A garota ainda sonha, mas não como antes. Aprendeu a ocultar seus sentimentos. Pelo seu próprio bem. Tampouco isso significava que deixasse de sentir. Apenas aprendeu a controlar o seu turbilhão interior. A refletir. E usar sua genuína introspecção a seu favor.
Além disso, é imprescindível comentar sobre a mais importante e agora essencial parte de sua mais nova metamorfose: Depois de tanto tempo, ela aceitou-se. Como é. E parou de questionar. Leu em algum lugar que as pessoas não possuem defeitos ou qualidades. Simplesmente possuem características. E basta a nós aceitarmos. Essa frase não fazia referência à adotar atitudes cômodas diante de nossas misérias e aleijões. Devemos sempre buscar ajeitar nossas condutas e cessar nossas mazelas. Entretanto, antes de tudo, é preciso aceitá-las. Fácil discurso com difícil aplicação.
Certa vez, Fernando Pessoa disse algo que aplicava-se bem à garotinha:
"Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..."
A vida lá fora a chama. O sol, à brisa e o riso dos moleques pela rua. De repente sonhar e planejar não a satisfaziam por completo e inciou-se na sua vida mais uma etapa: à da busca pela concretização. Sem deixar de ser aquela garotinha, que sempre viveria em seu coração.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Desabafo de uma linda e quente noite primaveril

Não dói e não sinto mágoa a respeito disso. Apesar de sua frieza errante, a certeza que irei vê-lo deu-me uma grande paz interior. Finalmente darei um fim a todos os indefinidos. De repente há um futuro bom e promissor. A grande roda-gigante vai cessando. Os seus olhos dando-me adeus ou até breve libertarão-me. E poderei seguir o meu caminho em paz.
Tu sentirás também toda a beleza do perdão. Amar é liberdade.
Até hoje permaneci insistindo simplesmente porque não consigo viver com coisas indefinidas. Sou insegura o bastante para necessitar de um terreno firme para caminhar. As instabilidades advindas de nossos medos quase levou-me à loucura. Confesso que na maioria das vezes fui egoísta, intolerante, impaciente. É uma pena que não tenha conhecido-me integralmente.
Parecia existir lá fora tanta coisa para ser vivida. Tantos momentos para serem vividos juntos. Momentos e conquistas compartilhadas. Sonhos sublimados.
Talvez isso faça parte daquelas coisas inexplicáveis. Como a rosa que floresce. Todos dizem que combinamos. A forma de agir, pensar, falar. Mas não é o bastante. Neste momento de nossas vidas, isso não é o bastante. As semelhanças tornaram-se caducas.
Indago-me sobre o que se passa hoje, em sua mente. E quais foram os seus sentimentos durante essas semanas turbulentas.Um fato inquestionável é que suas ações não correspondem ao seu discurso. Creio que esteja tão confuso quanto eu. Ou apenas isso tenha sido um discurso confortável. Uma coerente opção, substituta de uma verdade indigesta: a amarga verdade de que não me queres mais.
O que fazer até o nosso provável último encontro? Esperar e rezar por ti. Olhe pela janela, veja o horizonte. Quantas possibilidades. Abra a cortina, a lua é bela. Aceita resignada a sua condição solitária.
Os nossos anjos nos guiarão à emancipação de todo o caos que insistimos em mascarar. E então, depois desse tão esperado dia.
Voltaremos a ser livres.

domingo, 7 de outubro de 2012

Indefinido. Ausente. Melancolia. Dúvida. E uma imutável tristeza. E solidões passageiras

Relutâncias à parte, ponho-me à escrever à você. Precisamente sobre você.
Antes era tão simples, fácil. Pegar algumas experiências e enchê-las de flores e poesia. E de repente os tais arranjos tornavam-se textos.
Entretanto, agora dói. Hesitei por vezes. Por que agora é mais real do que nunca.
Agora, minhas palavras estão carregadas de dor, arrependimento, saudade e um agudo sentimento de rejeição.
Você nunca mais procurou-me. Só me respondeu quando eu lhe procurei. Cena que repetiu-se várias vezes.
Em nenhum momento você voltou à trás. E permaneço
Com o coração em minhas mãos. Um coração bobo, apaixonado, mutilado e delirante.
Onde está você? Como vai você?
Ando pelas ruas e está em todas as partes.
Cada mínimo detalhe ainda lembra-me nós dois.
O sentimento de impossibilidade, de nostalgia domina-me. Desespero-me. Então lágrimas invadem minha face.
Caminho e...estás por toda a parte.
Desabafo com um amigo. Percebo a impossibilidade de nossa história.
É, eu já me acostumei com a ausência. Só ainda não acostumei à ideia de rejeição, ao "não estar" e à insana sugestão de desprezo.
O meu caminhar é solitário. Minhas palavras também.
Todo essa situação mal resolvida dilacera meu peito. Em contrapartida faz-me crescer.
Está doendo, mas eu sei que existem dores muito piores e casos mais improváveis.
Lembra-se de meus ímpetos de amor? Dos ímpetos egoístas, das cobranças?
Pois bem, a cada dia passo a lidar melhor com eles.
Dia após dia os sentimentos e atitudes transfiguram-se.
O tempo corre amor. Dizem que tudo é questão de tempo.
Espero que assim seja.
Pois você,
e de você
Eu não espero mais nada.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Indefinido dói. Machuca, perfura, perturba.
Embora seja um indefinido relativo. No fundo eu já sei qual será o nosso fim. Os dias passam. Eu espero. Você seguiu em frente sem olhar para trás. Deixou-me sem resposta. Talvez por não ter coragem suficiente de assumir a derrota. Permaneço confusa. Porém já desisti de entender sinais inexistentes. Ou de nutrir expectativas desleais. Apenas sei que não quer falar comigo. Por que simplesmente não sente minha falta. E nem preocupa-se em saber qual o impacto de sua ausência em minha vida. Fazes muita falta.
Os dias passam. E desapego-me aos pouquinhos. E de pouco em pouco vou desligando-me do muito de antes. Reflito e vejo meus passos errantes.
Esse não ligar acabou com todos os meus desejos de retorno ao que já foi um dia. Aos poucos esqueço também das belas frases e dos bons momentos. À magia esvaiu-se.
Você deu-me muito pouco. E é isso que eu tenho agora.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Apenas

Meu nome é Cerrado. Sou o segundo maior bioma do Brasil em extensão. Estou espalhado por dez unidades federativas. Sou bravo e guerreiro. Meus troncos retorcidos retratam minha história. O meu tesouro inestimável, sem lastro, são meus frutos. Pequi, mangaba, buriti. Todos feitos para colorir às paisagens e alimentar os que tem fome. Nunca me importei em dividir meus tesouros. E durante muito tempo a minha relação com os seres humanos foi harmônica. Entretanto, a realidade é outra. Os tempos modernos são assustadores. O progresso possui um lado perverso. O dinheiro cegou os homens. Arrastou-os em uma avalanche de hipocrisia e superficialidade. E agora todos encontram-se cegos. Perdidos em suas misérias. Reféns do vazio de seus corações. Escravos de sua ambição. Sedentos, eles destroem tudo o que encontram pela frente. Inclusive à mim. Uma avermelhada e espessa camada avança sobre à mata. Seu cheiro é mórbido. E assim morro aos poucos. Em pequeníssimas doses homeopáticas. O estado de desequilíbrio instala-se por toda parte. Clamo por misericórdia, mas a única coisa que ouço em resposta são os gemidos de motosserras. E ao fundo ouço as gargalhadas de escárnio dos ruralistas, que sabem apenas calcular os lucros que virão da “Nova Fronteira Agrícola”. Antas, capivaras, lobos-guará, tamanduás seguem sua marcha rumo à um destino errante. As nascentes são bombardeadas por dejetos e adoecem aos poucos. Em pouco tempo não poderei saciar a sede de todos. O futuro é incerto. Caros humanos tenham complacência. Coloquem-se em meu lugar. Não pensem que à minha morte não trará efeitos irreversíveis. Olhem à sua volta. Algumas transformações já são evidentes. Retifiquem suas condutas, antes que seja tarde demais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Qual é o seu propósito?

Acordei em paz. Corpo e mente estavam descansados, apesar das poucas horas de sono. Arrumei-me para ir ao colégio. Como todos os dias. Embora eu saiba que cada dia guarda múltiplas particularidades.
Depois de tomar o  habitual café pingado, fui desbravar à estrada e caminhar ao meu destino. O amanhecer fazia-me companhia. Aquele frio bom, aconchegante e sereno da manhã embalava minha marcha. E juntamente com os fluidos da manhã e das árvores que pus-me sem culpa a devanear. Só que dessa vez, eu pensava em coisas diferentes. Parecia que uma gradativa mudança vinha ocorrendo. E finalmente, depois de um longo cochilo, eu começava a retornar a consciência. Como aqueles breves segundos depois do despertar. Em que lutamos contra o clamar do dia. E nossos braços esticam-se e abraçam a vida.

Pensei, pensei. Passos contínuos, decididos.As ideias foram surgindo e sendo desenvolvidas tão naturalmente. Como o dançar das águas em sua nascente.
Tive a sensação que as ideias estavam em latência. E que eram intimamente minhas. Inerentes ao meu ser. Elas sempre existiram e por um tempo eu as havia negado. Algo inevitável.
Minhas  velhas amigas retornaram e fizeram-me lembrar de quem eu era. E refletir sobre a minha jornada, nessa "Terra de Gigantes".

Eu sou uma vestibulanda. Sangue, suor e lágrimas para a tal prova. Todos apostaram em você. As últimas economias.É uma corrida do Jóquei Clube. O sucesso será o final. De toda lamúria do Ensino Médio. O fracasso, fatal.
Daqui a uns...30 anos? Você já estará quarentona. E já gozará plenamente de sua inexorável busca pela ascensão social(que virá junto com a felicidade, é óbvio).
Busca pelo capital. Status. E poder.
Imagine. Não é preciso muito esforço. Os anseios já foram semeados. E cresceram juntamente com você. É uma espécie de polarização do modo de vida. Vamos nos transportar para 2042:
Carro importado, bem-sucedida financeiramente. Marido atencioso, feliz, fiel e bem-humorado. Filhos saudáveis. Casa confortável. Mesa farta e tecnologias.Glamour. Viagens. Etc Etc. Ideal de família burguesa-padrão.
Sem hipocrisia, é o que eu desejo. Entretanto, será que este é o único propósito? Nascer, crescer, estudar,  acumular capital, reproduzir, acumular capital, morrer (e transmitir capital à prole)? E só. Viver para o dinheiro e pelo o dinheiro. Muita matéria e pouco sentimento.
E os milhões que tem fome?
De amor, carinho e atenção. Fome de conhecimento, realidade. Fome de arroz com feijão. Fome de paz. Reconhecimento e amizade.
(...)

sábado, 4 de agosto de 2012

Incertezas

Frio. Medo.
Solidão.
Você gostaria tanto.
O vento geme.
Filme, chocolate.
Portas fechadas, mensagens vazias.
E mais um bocado de solidão.
Incertezas.
Receios.
Anseios.
Nada mudará.
Eu sinceramente gostaria de.

O homem bem vestido desfila pelos bares.
Com suas roupas caras e sapatos engraxados.
Sorriso plastificado.
Vazio.
Solidão.
O mulato vaga hesitante pelas ruas frias.
E perambula invisível pela multidão.
Vazio.
Solidão.







domingo, 29 de julho de 2012

Reflexão vespertina

Uma pessoa sonhadora possui o seu próprio mundo. Aliás, ela cria vários mundos. Conforme seus anseios. Nesse mundo paralelo, tudo é possível. Não é necessário o compromisso com a verossimilhança. Sinta, filtre seus desejos e pense em como você gostaria que tudo acontecesse. Partindo de seu ponto de vista, na maioria das vezes ignorando as possibilidades dos outros. Basta imaginar e todos os seus devaneios se tornarão realidade. Em seu mundo paralelo, é claro.
Os anos se passam. E esta história de sonhar torna-se um hábito. Um vício. Uma espécie de paixão doentia. Que vai enraizando-se de tal forma que torna-se uma extensão de sua vida.
Decepções e adversidades. É trabalhoso lidar com elas. Por vezes nos encontramos sem forças de recomeçar. E tristemente, nos acomodamos. Esse mundo de sonhos torna-se nosso mais leal companheiro. Você pode viver como desejar. Basta imaginar.
Creio que esta inclinação e irresistível atração pelo sonhar seja uma espécie de característica intrínseca. Mas confesso que durante anos vim cultivando-a. Era normal e por muito tempo eu não consegui enxergar o absurdo de tal conduta.
Refugiei-me em meu mundo. Covarde, evitei situações. Abdiquei de experiências necessárias. E negligenciei e afastei-me de tantas pessoas queridas. E dei um tanto de afeto a pessoas que não mereciam minha atenção. Fui intransigente e fiz felinos julgamentos de valor. Minha tolice era tamanha que não tive a capacidade de avaliar meus próprios atos. Eu estava irremediavelmente cega. Alienada por minha própria ignorância. Idealizei e permaneci no conforto de meu escapismo.
Mas um processo lento e gradativo vem ocorrendo. Não sei mensurar ao certo quando ele começou. Quanto mais o tempo passa mais eu percebo o quão pequena sou. O quanto tenho que aprender e evoluir. Como dizia o Guimarães Rosa "Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa". Dedico-me menos à tantas aspirações e vou tentando torná-las realidade. Não é fácil.
Sei apenas que estou vivendo uma parte bem feliz da minha vida.
Prudência, eu digo ao meu coração. Não crie tantas expectativas. Chega a ser um pouco de egoísmo exigir tanto de uma pessoa. Deixe fluir.
Eu tento, tento...hesito.
Parece que a hora de te ver nunca chegará. O relógio engatinha. Meu coração bate mais depressa e minhas mãos ficam geladas. Avalio minha imagem no espelho e não me acho sedutora. Existem tantas garotas bonitas e interessantes...
Maldita baixa auto-estima!
Em vão, listo mentalmente alguns assuntos interessantes para conversar. No fundo eu sei que corro o risco de sofrer de uma terrível amnésia e esquecer-me de tudo. Temo em ficar monossílaba. Ou falar demais. Parecer pedante. Parecer frívola. "Seja você mesma". É, eu tentarei .
Os pensamentos apoderam-se de mim. Incessantemente imagens e possibilidades ganham vida. E conscientemente ignoro toda esta reflexão vespertina.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Of what was everything?

"Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha."


Veja só, a velha amiga à casa retorna. Com más notícias e com seu genuíno semblante sombrio. Entra sem pedir permissão. E toma posse de tudo o que considera ser seu. O sol se esconde e o céu enche-se de nuvens negras. A felicidade esvai-se rapidamente e o ar torna-se denso, tomando lugar ao rarefeito. Agora tudo é desesperança. O corpo padece juntamente com a mente. Onde foram parar todos os planos? O futuro certeiro sublima rapidamente. Angústia e lágrimas contidas. Encolho-me em um canto e indago: qual caminho devo seguir?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pensei que...mas..será que?

Existe ser humano mais estúpido que um apaixonado? Uma estupidez deliciosa, embora não deixe de ser qualificada como estupidez. Mas nesse momento, sinto uma paixão diferente das anteriores. Ainda tenho sim, o desejo incessante. De estar perto e construir um monte de castelos, de areia. Sonhos vulneráveis, por vezes irrealizáveis e utópicos. Entretanto, dessa vez, o sentimento é diferente. Depois de muito tempo, sinto aquela maravilhosa sensação de reciprocidade. De confiança, lealdade. O mais inesperado foi como tudo foi ocorrendo. Como a água, você foi infiltrando por todos os cantos. Quando vi estava embalada em toda imensidão. Ganhei um grande amigo. Não sei se sente o mesmo, mas meu coração leproso enche-se de júbilo ao saborear suas mensagens. Dizia o poeta: "É preciso que a saudade desenhe estas tuas linhas perfeitas". O engraçado é que nunca imaginei encontrar alguém assim. Independente do que aconteça, eu sou muito grata por ter conhecido-te "Eu encontrei quando não quis mais procurar o meu amor".

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pensamentos desconexos da madrugada

A música embalava o meu caminhar. Eu ia deslizando pelo concreto e tinha vontade de rodopiar. Meu corpo livrava-se de todo cárcere enquanto minha alma estava em sintonia com a melodia. Logo cheguei ao ponto de ônibus. Sentei-me e permaneci em meu monólogo interior. Quantos mundos idealizados e castelos construídos. A razão considerava-me insana. Mas meus pensamentos são oceanos. Chega uma hora que se cansa de tanto imaginar. Em certo momento, encontro-me fatigada de tanto pensar e tão pouco fazer. Angustio-me procurando uma forma de transparecer. Escrever é uma forma de pôr em letras toda a tempestade de sentimentos que possuo. Sinto-me estúpida, por vezes: está na hora de por os pés no chão. Vamos crescer!
É claro que minha consciência repressora permanece por pouco tempo. O ônibus demora. Ao invés de girar  o meu pescoço à cada minuto para verificar a provável aproximação do coletivo, resolvo olhar para as árvores ao redor. Que generosas, concedem-me um delicioso abrigo. O céu estava radiante. O majestoso iluminava o dia. Dava vivacidade ao verde das folhas. As plantas sorriam pra mim e contavam-me preciosas lições. Transportei-me para um jardim sereno. Embaixo de uma mangueira, havia uma toalha xadrez, estendida sobre a relva. Tinha sanduíche, bolo de banana com canela e suco fresco. Tudo guardado com afeto em uma cesta. Cena típica. E faltava você. Com roupas claras. Branco, para combinar com a cor de seus cabelos castanhos. Você andava em minha direção, com um largo sorriso.
E logo penso: Bobagem, eu o conheço a três semanas. Só que aí eu me lembrei de sua música preferida. E agora estamos em um salão, dançando em meio à multidão. Giramos sincronizados e nada mais existe além de nós. E ele por acaso te ligou? E agora estamos conversando amigavelmente na porta do cinema. Amigos, apenas amigos. Pelo menos tornamo-nos algo. Você está agora me contando sobre a garota que você ama. E a senhora razão: Pare de dar uma de Mãe Diná, senhorita. Verifique o ônibus. Quando olho pra esquina, não é que o danado só aguardava a abertura do semáforo para apanhar-me. De súbito ponho-me de pé

terça-feira, 19 de junho de 2012

Tudo bem se não deu certo


 Eu achei que nós chegamos tão perto



Você está solteira e feliz. Tem muitos amigos ao seu redor. Seu coração está sereno. Um amor faz falta, mas com o tempo você simplesmente aceita a "solidão". Alguns acham que você é um tanto exigente e por isso acabará solteirona(e infeliz?). Você discorda e pensa que isso é apenas amor-próprio. Além disso, ela não é uma adepta ao "ficar". Ela gosta de namorar, compartilhar, lealdade, companheirismo. 
Entretanto, um relacionamento talvez pudesse atrapalhar sua careira. Nos últimos meses, ela vem esforçando-se em período integral, a fim de alcançar seus objetivos. 
Na passagem vertiginosa dos dias, ela acredita cada dia menos que um dia encontrará alguém. 
Um dia porém, o inesperado acontece. Ou aparece. Uma pessoa que você se identifica bastante. Alguém que está na mesma sintonia. Possui os mesmos gostos e desejos. E que corresponde a todos os seus ideais em um companheiro.
Os dois estão em um meio barulhento, risonho. Ela fica tímida e conversa muito pouco. Ele, introspectivo por natureza, analisa à todos e também conversa. A comida estava boa. Descobriram muito em comum. Ela   raptou por diversas vezes, olhares furtivos dele em sua direção...
Que olhar intrigante, porém interessado. Talvez de curiosidade. Como se desejasse falar algo. Ou de conversar mais. No fim, ele foi embora. Aquela era a despedida. Nunca mais o veria. Uma pena.
E ele apareceu, depois. No outro dia. Conversaram muito. Não precisaria de mais. Ela estava apaixonada. Um sentimento eufórico reinou nos primeiros dias. Uma urgência dominava seu peito. Nunca havia encontrado alguém tão especial. Ele era tudo o que ela sempre esperou. "Finalmente nos achamos". Ambos eram muito ocupados. E ela sempre achava uma "desculpa" para falar com ele.
O que sucedeu foi que ele assustou-se. Era um sentimento novo e genuíno. Ele precisava preparar o seu coração para um novo amor. E a incompreensão dela acabou por afastá-los. Fisicamente. Pois sentimentalmente, os dois estavam unidos. Ela se odiava por ter gritado aos ventos que tinha encontrado alguém ideal. Devia reavaliar melhor em quem confiar. Da próxima vez, seria mais cautelosa em seus sentimentos. 
Apesar do inicial fracasso, ela não desistiria. Ele não saía de seu pensamento. Daria um tempo para que ele digerisse os "últimos acontecimentos". Ela esperaria, pacientemente. Não desistiria. 

domingo, 17 de junho de 2012

Um garoto

Eram cinco horas da manhã de uma segunda-feira, do mês de junho. A aurora anunciava mais um amanhecer. O garoto sonhava. Ele descansava no colo de anjos celestiais. A música da lira embalava seus devaneios. E de repente, uma explosão. A pacificidade deu lugar ao caos. O despertador do garoto gritava estridentemente, anunciando o início de um dia agitado. Os olhos do garoto abriram-se. Ele contemplou por instantes à escuridão do seu quarto. Gostaria de poder ficar sonhando e não ter de ir trabalhar. O frio matinal de junho comprimia o seu corpo e o fazia desejar permanecer enrolado em suas cobertas. Contudo, isso não era nada perto do que viria à frente. Em um ímpeto, ele levantou. Quanto mais demorasse, pior seria.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Here I go again

Novamente. Será que sou incansável? Será que permanecerei insistindo nos mesmos erros? E continuarei esperando aquelas velhas coisas utópicas? O passado confunde-se com o presente. O presente é o futuro. Ouço canções melancólicas. Anseio por liberdade.
Queria ser eu ágil como os dedos do instrumentista, que deslizam sobre as cordas da guitarra. Novamente estou aqui, contemplando meu semblante triste no espelho. Mas uma vez, engulo alguns sentimentos. Ás vezes tenho a impressão que meu esôfago torna-se cada dia mais estreito. E que minha epiglote cada vez mais teima em abrir-se para a deglutição. E um dia tudo transbordará.
Minha mente está confusa. Meu coração, mutilado.
Amiúde, eu seguro as lágrimas. E quando estou só, deixo a tempestade encher meus olhos. Depois mostro um sorriso. Por vezes não consigo disfarçar o furacão que habita meu peito. E distancio, crio, dou voltas. Dói saber que nós não daremos certo. Dói saber que estou inserida em uma competição desleal.
Doei-me cegamente. Por tempos, orbitei em você. Novamente, eu pensei que dessa vez daria certo. Esqueci-me de colocar em seu lugar. Mensurar e segregar a parte verdadeira do efêmero.  Tentei domar o indomável. E estou aqui, novamente. Dançando no meu quarto sombrio. Dançando para tentar aliviar a dor. Transporto-me para mundos fantásticos. Para lugares onde eu não precise fitar seus olhos e perceber que eles nunca serão meus.. Um lugar em que seja desnecessário que eu tenha que contemplar sua alegria e saber que eu nunca farei parte dela. Qualquer dimensão onde meus olhos fiquem cerrados, para que eu não precise acompanhar os beijos e abraços que você distribui gratuitamente. Não preciso de luxo. Eu contente ficaria com alguém, que tivesse um bom papo. Agradável o suficiente para me fazer esquecer todas as suas jubilosas conversas com  seus amigos. Um alguém fiel e envolvente à ponto de que nunca mais houvesse necessidade de mendigar sua atenção ao telefone, em minhas noites de insônia.
Estupidamente, tentei substituí-lo. Fantasiar normalidade. Não demorou para que a vida gentilmente cedesse mas um tabefe. E já impaciente com minha teimosia,  ela tentou desvendar meus olhos. E mostrar o ridículo de minha condição.
A vida mencionou à infantilidade de minhas ações e a exacerbada carga de sentimentalismos inerentes à minha sofrível mente. Falou com veemência que existem coisas importantíssimas para se entreter. Aquecimento global, verdade ou uma dissimulada tese capitalista? Inglaterra e a Guerra do Paraguai: pivô ou reserva? Jânio Quadros renunciou porque pretendia dar um golpe de estado ou porque realmente era vítima de "forças terríveis"? A tal vida matracou por minutos, e eu dei de ombros.
 Pediu-me desesperadamente para que parasse de escrever textos com tantas orações subordinadas. De submisso bastava à minha indigna pessoa. Achei essa tal vida uma ordinária, e resolvi procurar uma ajuda graduada.
O doutor recomendou-me mudanças. Senão não haveria mais nenhum remédio para conter meus males. E eu permaneceria sofrendo. Ele amavelmente me falou que não desse tanta atenção à quem me desprezava. No fim da consulta, o doutor pronunciou em voz baixa que eu fosse suficientemente forte para subverter a subordinação em coordenação.
A pouco Martha Medeiros disse-me que todos os nossos sentimentos estão dentro de nós. E por mas que digamos que não sabemos do que se passa conosco, a verdade habita nosso peito. E grita, já saturada de seu cárcere.




A interpretação é um infindável mundo.

sábado, 7 de abril de 2012

Touch me, babe

"Come on, come on,
Come on, come on
Now, touch me, babe.
Can't you see that I am not afraid?"
 
 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Reflexões,


 Sofro, agora. Por descuido. Por não dosagem. De construção de expectativas. De construção de sonhos. Cegueira. Ilusão. Problema não está no gostar. No querer, desejar. A questão é: será que o amado poderá corresponder as suas fantasias? Será que tamanha idealização não poderá estar acabando. Com toda a possibilidade de envolvimento?

Perco-me em perguntas. Hesitante, mantenho o ritmo de meus pés. O caminho era o rotineiro. No estado em que me encontrava. Não estranharia em perder-me ou enganar de esquina.As pessoas, deviam ser as mesmas. Olham, mas não veem. Cada qual em seu mundo particular. Em seus interesses individuais. E seu descontentamento. Ou estampado no rosto. Ou mascarado. Mas irrefutavelmente presente. Nos corações. E mentes.

Meus pés seguem em frente. Já os meus pensamentos. Permanecem. Os mesmos. Sofro, por descuido. Por ter criado castelos. Agora sou escrava do meu erro. Por que não apenas gostar? Por quê não deixar as coisas fluírem naturalmente? Ouço música. Parece que todas as letras e melodias remetem à você. "I won't cry, I won't cry, no I won't shed a tear...Just as long as you stand, stand by me"

E sigo meu caminho. Reajo como se estivesse no piloto automático. Meus pensamentos flanam, voam ágeis, para bem distante. Não sei quantas horas são. Nem me importo, se chegarei à tempo. Não me arrependo de meus atos. Muito menos de sentir. Mas sinto-me derrotada.
Tenho vergonha de meus devaneios. A música de certa forma. Incomoda. Está em discordância com a realidade. Como dói. A incolor e genuína realidade. "No I won't be afraid, no I won't be afraid Just as long as you stand, stand by me"

Mas há algo, dentre tudo que me deixa confusa. Que me atormenta. Ele também é apaixonado. Também anda por aí escutando canções de amor. Arruma-se, perfuma-se toda manhã. E ensaia mentalmente o que dizer, como dizer. Às alegres tardes ao lado de sua amada .Os beijos E mais beijos. E o pedido de namoro. Mas eu não sou essa pessoa. Ele nunca poderá corresponder aos meus sentimentos. Não da forma como eu quis.

E sigo minha caminhada. Confesso que tenho forças para lutar. Mas por proteção, simplesmente não quero usá-las. Não irei mais correr atrás. Nem, estupidamente, ficarei. Fazendo planos para nós. Inventando assuntos. E formas de me aproximar. De conversar com você. De roubar sua atenção. Ser egoísta. Querer inconscientemente, obrigar-te. A Amar-me. A querer-me.
"I'm here without you baby But you're still on my lonely mind I think about you baby And I dream about you all the time "

Eu estou sem você, e permanecerei sem você. Pois nunca lhe tive. E nunca o terei. Porque todos os seres humanos são livres. Gostar não é aprisionar alguém. Torná-lo sua propriedade privada e vitalícia. O amor é antagônico à possessividade. Ao ciúme. A incompreensão. Amor é liberdade. E agora, em harmonia com meus sentimentos. Tenho consciência disso. Se for pra ser, será.
E não deixarei, de gostar. Ou de pensar em você. "I'm here without you baby But you're still with me in my dreams"

Apenas irei adquirir minha independência. Hoje é o dia da alforria de meus amores idealizados. Serei autossuficiente. Evitarei frustrações. Não haverá expectativas. Corresponderei à atenção proporcionalmente. E seguirei minha estrada. Com ou sem você.

quinta-feira, 5 de abril de 2012





 "Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja, muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone. Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você."

Caio Fernando Abreu

sábado, 17 de março de 2012

Não é paixão, apenas atração. Mantenho um controle excepcional sobre meus sentimentos. E ironizo-me à cada instante.

Ontem descobri que não poderia me apaixonar por você. Não seria uma inteligente ideia. Tampouco estúpida ou desprezível. Nem prudente, ou racional. Mas paixões racionais não são paixões. Até gostaria que assim fosse, mas não é possível. Estaria fugindo da verossimilhança. Mas a paixão é inverossímil. Ela quebra todos os paradigmas já existentes. E cria outros. Não segue certo padrão. É rebelde e incompreendida. Compreendida apenas pelos apaixonados. Os seres febris e errantes. E amantes das ornamentações adjetivadas. Contagiados, reféns e escravos da paixão. Servos fiéis, em uma vassalagem infinita. Infinita, enquanto dure; como diz Vinícius de Morais. Pois após tamanho sofrimento, e realização ou irrealização do amor, o fogo eterno mansamente cessa. Simplesmente a paixão não foi feita para durar para sempre. Transitória, impalpável e inquestionavelmente sentida. Real e abstrata. O coração palpita e grita; de surpresa e júbilo. a ansiedade é visível. As mãos entrelaçam-se. Transpiram e vão equilibrando as energias. Teus braços embalam-me e confortam as inseguranças. Teu corpo quente acolhe meu corpo frio. A dúvida vai dissipando e uma mínima certeza de reciprocidade acalma meus anseios. O teu perfume embala-me e inebria os meus sentidos. Neste momento não serei, capaz de julgar a consciência restante. Tua boca procura a minha boca. Teus lábios irão se tornar completos quando encontrarem os meus. Neste momento o telefone toca estridente. O cachorro late e o vento uiva. Em milésimos de segundos separamo-nos e permaneço pulsante. Escondo meu rosto e finjo retornar à condição de ser pensante. Tu vai embora, sem explicação ou razão. Lança-me um sorriso cativante, um olhar distante tão carregado de expressão que eu, suplicante; não sei interpretar as nuances. Será de tristeza, paixão, desejo, arrependimento ou um olhar desprovido de quaisquer tentativas tolas de interpretação. Um olhar racional e frio. Que tentasse mascarar sentimentos. E permaneço sem esclarecimento. E vou retornando à normalidade, negando meu estado de apaixonada. Figurando que passo bem. E disfarçando que te quero cada vez mais.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Walk

"I'm learning to walk again.
I believe I've waited long enough.
Where do I begin?

I'm learning to talk again.
Can't you see I've waited long enough.
 Where do I begin? "

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ócio Produtivo - Breve Comentário Rabujento

Lembro-me uma vez, quando conversava com uma amiga de minha mãe no telefone, eu tinha à perguntado o que ela havia feito durante o dia. E ela me respondeu que não tinha feito NADA. E insatisfeita com sua resposta, tornei à repetir a mesma pergunta por duas vezes, e recebi a mesma resposta. E mudei de assunto.
Mas depois, em mais um papear com minha mente, passei a indagar sobre. Afinal, não há como passar o dia sem fazer NADA. Talvez tenha sido o jeito dela ao expressar que não havia feito nada de produtivo ao longo do dia. Porque você pode passar 24 horas deitada em seu leito. Mas você terá que ir ao banheiro, comer, pensar, respirar... Nosso corpo não para de funcionar, o coração permanece bombeando sangue. Podemos concluir que mesmo no absoluto repouso, estaremos em atividade. Portanto, não há como estar sem fazer NADA. E ponto. Deixarei de rabujices.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Senhora Verdade

Por tanto tempo a persegui. Só Deus sabe as intermináveis horas que girei sobre o edredom, em sintonia com meus pensamentos. E em todas as fantasias construídas. Eu voava. Ás vezes cansava-me de tantas suposições e nenhuma concretude. E desistia, pelo menos temporariamente. Mas a busca, pela verdade, continuava à insistir em meus pensamentos. Talvez infames; talvez íntegros. Não importava. Pensamentos inconstantes, bipolares. Quanto mais eu ansiava por respostas, cada vez mais improváveis elas pareciam. E eu decidi, com veemência, que só conseguiria abandonar todas aquelas amarguras se exigisse a verdade. Sem cobranças, ou dramas. Estava farta disso. Seria objetiva e sincera. Pois talvez assim. Esse desprezível sentimento do inacabado, do mal resolvido, que me torturavam constantemente, poderia dissipar-se.
E disparei à saciar meu desejo. Independentemente da aprovação, ou consentimento. Finalmente, decidi que nada me faria interromper meu plano. Entretanto (que palavra triste, como já ouvi em algum lugar), dias depois, à pensar. Mudei de ideia. E vi que neste momento a verdade nada mais adiantaria. Existe tanto para se viver. Para que perder tempo com assuntos que terão o fim que eu já conheço. Não há razão de machucar-me mais uma vez. "Há tanta vida lá fora". Não vale a pena quaisquer esforços para ''solucionar'' este problema que, já deixou de existir há tempos. Eu quero e mereço o melhor. Não abrirei mão da busca de minha felicidade, ou de meus sonhos por incertezas. Impossível prever. Se a verdade iria me libertar . Deixemos os defuntos em paz.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Nada ficou no lugar

Eu quero quebrar essas xícaras. Quero quebrar os porta-retratos. E rasgar as nossas fotografias. Gritarei até ficar rouca. Toda a minha dor e sofrimento. Tatuarei seu escárnio. E sua tirania. Eu vou publicar os seus segredos. E seus medos. 
Que é pra ver se você volta. Pra mim.  Farei o impossível. Para descontar toda minha raiva. E destilar todo meu rancor. E te ter de volta. Reconquistar sua atenção.

Música: Mentiras - Adriana Calcanhoto

Se você me ama



Seja direto, por favor. Estou saturada de indiretas. E de indecisão. De fragmentos desconexos. Mal entendidos e amor platônico. Sinceramente, diga logo. De uma vez, sem receios. Ligue, novamente. Envie mensagens, escreva poemas. Me acorde com beijos. Ou flores. E você. Inteiramente, por completo. Dane-se o mundo. Aquelas pessoas. A hipocrisia. O falso moralismo. Esqueça dos seus amigos, ao menos uma vez. Me abraçe com ternura. Segure minha mão. E sigamos juntos. Sem medo. Ou talvez não precise de nada disto. Basta apenas você. É minha única exigência. Nos dois e nada mais.
Diga-me de uma vez. Seja conciso e resoluto. Ou se vá. Te espero por tanto tempo. Vivemos esse indefinido. Decida-se ou esqueça-me. Não quero migalhas. Dedique-se . E o faça verdadeiramente acontecer.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dias Cinzas

Ana havia realmente tido um péssimo dia. Logo depois de despertar, teve uma conversa franca com sua mãe. Falou sobre suas angústias mais íntimas. E sobre muitas coisas. Seu corpo estava dolorido e a cabeça latejava. A mãe pouco disse. Seu olhar terno buscava esconder o sofrimento tatuado em seu rosto. Mas conversar com alguém de confiança, fez Ana refletir. Ver que talvez estivesse sendo demasiadamente pessimista. E que se estava insatisfeita com alguma situação, ela deveria primeiramente analisar. E mudar suas atitudes. E principalmente, deveria acreditar em si mesma. E deixar um pouco de lado o alheio.
E ela encheu-se de alegria e paz. Fez planos, enfeitou-se e declarou que aquele dia não ficaria mais em casa. Depois de tanto tempo, teria um dia feliz. Mas infelizmente, isso não permaneceu. Minutos depois, vieram os problemas. As cobranças, os afazeres. E o bem-estar não foi suficiente para acalentá-la e ele evaporou tão rapidamente como água sendo aquecida nos Andes.
O luto voltou. A partir daquele momento. Desdenharia de todas as possibilidades. Como se tudo perdesse vitalidade. E ficasse cinza, de repente. E todos eram inimigos. E tudo estaria ruim e tudo estaria descontente até que retornasse para casa.  E faria tudo para que seu anseio fosse atendido. Pois lá era o seu refúgio, e ninguém a ameaçaria lá. E Ana se esconderia, até o fim do dia. E antes de dormir, sonharia que o outro dia fosse melhor. E rabiscaria, em seu caderno:

Dias Cinzas

Novamente,
Terei mais um dia cinza?
O vazio permeará abundantemente?
E ninguém aparecerá para colorir as nuvens
E alegrar os ponteiros
Que teimam em não andar?

E Ana ficaria frustada. Sua visão cinza à diria que poemas não eram para ela. Ao menos sabia fazer um esquema de rimas. E não procuraria, palavras para se encaixarem. Estava exausta. Se sentia incapaz, inferior. Logo, não poderia fazer um soneto. Suas frases nunca passariam de desprezíveis versos brancos. Jogaria o papel em um canto. E clamaria, que o dia seguinte fosse melhor.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

"Sou uma cética que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida."
"Sem apego, sem melancolia, sem saudade. A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções."
"Era um homem que aparentava trinta anos, magro,
mais alto que baixo, curvado exageradamente quando sentado,
mas menos quando de pé, vestido com um certo desleixo
não inteiramente desleixado. Na face pálida e sem interesse
de feições um ar de sofrimento não acrescentava interesse,
e era difícil definir que espécie de sofrimento esse ar
indicava — parecia indicar vários, privações, angústias, e
aquele sofrimento que nasce da indiferença que provém de
ter sofrido muito. (...)
Passei a vê-lo melhor. Verifiquei que um certo ar de
inteligência animava de certo modo incerto as suas feições.
Mas o abatimento, a estagnação da angústia fria, cobria tão
regularmente o seu aspecto que era difícil descortinar outro
traço além desse."
Livro do Desassossego

domingo, 1 de janeiro de 2012

Você consegue?

  Perceber que juntos poderemos ser melhores? Poderemos progredir. E ir à qualquer lugar deste mundo. Poderemos finalmente preencher o tédio daquelas tardes de verão solitárias?
Somos parecidíssimos e desiguais. Entre encontros e desavenças, possuímos harmonia.
Porque ainda insiste em fugir e negar. Algo que é visível. Anos se passaram, ficamos sem nos falar. Estamos diferentes, como tudo à nossa volta. Você me deixou por ela, e no desfecho teve grandes decepções. Eu tive de deixá-lo partir. Não amei mais. E me perdi. E perdi muitos afetos. Não me entreguei por inteiro à nada. Tudo ficou pela metade. Nada foi concluído com vigor.
  E a magnífica roda-gigante prossegue ininterruptamente. Entretanto, quando nos encontramos. E falamos de nossas dores, e de nossos corações insalubres. Dos sonhos perdidos e das ilusões partidas. E quando você me olhou com ternura. A tristeza sumiu de seu semblante naquele instante. Seus olhos mancebos riam para mim. E seus braços puxaram-me para um abraço. E os meus deslizaram, entregaram-se aquele aconchego. Depois de tanto tempo, você estava novamente comigo. Não apenas de corpo, mas de alma. Seu cheiro embalou-me até o separar de nossos corpos. Foram segundos eternos.
  E depois, falamos sobre passados. O engraçado é que depois do fim, insistimos em falar do passado. Será porque secretamente aspiramos que tudo aquilo volte, só que consertemos nossas contudas e rasguemos orgulhos. De modo que tenhamos mais possibilidades. De sermos felizes e de nos amarmos? Ou será porque não temos um presente juntos. E temos receio de que não dê certo outra vez. Que tudo irá se dissipar e que no fim, como fizeram os outros conosco, estaremos solitários e mais mutilados que nunca? Ainda não possuo a resposta. Não sei onde a encontrar.
  Enquanto não decidirmos o destino de nós. Arriscar ou dar adeus. Complicadíssimo, mas não impossível. E permanecemos nesse embate. E as horas passam. E permanecemos distantes. Fisicamente, porque de pensamento, estamos irmãos.