Havia dito à ele a
minha verdade mais doída e insana. Verdade esta que teimava em esconder.
Mas nem por isso ela deixava de existir. E nem por isso ela deixava de
teimosamente pulsar em meu peito, incessantemente, em variadas
intensidades:
- Sou triste, meu amigo. Sempre fui e sempre serei. Não se engane com meus sorrisos. Eles disfarçam e entorpecem, sim, mas não deixam de ser tristes. Meu olhar, é triste. Sou tristeza e acho que tudo a minha volta são distrações. Minha vida não tem muito sentido. Nem muitas ilusões tenho mais. A injustiça nem me comove mais. O amor romântico é tão hipócrita. A matéria tão insuportavelmente efêmera.
Disse e não disse. Ele sentia o mesmo, de forma diferente. Soube me ouvir com doçura. Queria desesperadamente me agarrar a ele, como me agarrei aos outros, como me agarro a qualquer coisa que atribua algum sentido a minha existência leviana. Mas ele estava de partida. Sorria tristemente e acenava. Fazíamos planos falidos de viajar à São Paulo, ler poesia e tomarmos vinho todos os dias. Mas ele estava de partida. Assim como os outros. Assim como uma parte minha que vagarosamente se esvaía com a despedida. Assim como as partes do meu ser partido que se desintegraram por aí.
A dor e a tristeza eram iguais. O dia melancólico e silencioso, iguais. Minhas idealizações e sonhos eram uma barreira tão amigável. Sem elas, agora, tudo caminhava amargo e sem cor. Confortavelmente egoísta, paralisada em minha conveniente fortaleza de fel. Sem amor por eles. Sem amor por mim. Os encantadores livros agora me entediam. A mágica arte cinematográfica me dá sono. A casa desordenada me deixa letárgica. Tantos objetos fora do lugar. Parecem zombar da minha patética condição. Me sinto impotente, covarde, frívola. Itinerário volúvel. Realidade fajuta. Tristeza incessante.Estou triste, estou sozinha, estou cansada de todos os novíssimos velhos problemas que nunca consigo solucionar. Estou fatigada desta perspectiva. Estou farta.
Não quero um cartão de crédito. Não quero romances, não quero canções, não quero viagens. Não quero apoio espiritual. Não quero conselhos ou livros de auto-ajuda. Não quero psicoterapia ou antidepressivos. Não quero cerveja. Não quero cigarros. Não quero beijos - com ou sem paixão - com ou sem tesão. Tô tão maluca que nem café, café com chocolate, café com chocolate e poesia andam me comovendo mais.
Estou farta do meu problemático eu.
- Sou triste, meu amigo. Sempre fui e sempre serei. Não se engane com meus sorrisos. Eles disfarçam e entorpecem, sim, mas não deixam de ser tristes. Meu olhar, é triste. Sou tristeza e acho que tudo a minha volta são distrações. Minha vida não tem muito sentido. Nem muitas ilusões tenho mais. A injustiça nem me comove mais. O amor romântico é tão hipócrita. A matéria tão insuportavelmente efêmera.
Disse e não disse. Ele sentia o mesmo, de forma diferente. Soube me ouvir com doçura. Queria desesperadamente me agarrar a ele, como me agarrei aos outros, como me agarro a qualquer coisa que atribua algum sentido a minha existência leviana. Mas ele estava de partida. Sorria tristemente e acenava. Fazíamos planos falidos de viajar à São Paulo, ler poesia e tomarmos vinho todos os dias. Mas ele estava de partida. Assim como os outros. Assim como uma parte minha que vagarosamente se esvaía com a despedida. Assim como as partes do meu ser partido que se desintegraram por aí.
A dor e a tristeza eram iguais. O dia melancólico e silencioso, iguais. Minhas idealizações e sonhos eram uma barreira tão amigável. Sem elas, agora, tudo caminhava amargo e sem cor. Confortavelmente egoísta, paralisada em minha conveniente fortaleza de fel. Sem amor por eles. Sem amor por mim. Os encantadores livros agora me entediam. A mágica arte cinematográfica me dá sono. A casa desordenada me deixa letárgica. Tantos objetos fora do lugar. Parecem zombar da minha patética condição. Me sinto impotente, covarde, frívola. Itinerário volúvel. Realidade fajuta. Tristeza incessante.Estou triste, estou sozinha, estou cansada de todos os novíssimos velhos problemas que nunca consigo solucionar. Estou fatigada desta perspectiva. Estou farta.
Não quero um cartão de crédito. Não quero romances, não quero canções, não quero viagens. Não quero apoio espiritual. Não quero conselhos ou livros de auto-ajuda. Não quero psicoterapia ou antidepressivos. Não quero cerveja. Não quero cigarros. Não quero beijos - com ou sem paixão - com ou sem tesão. Tô tão maluca que nem café, café com chocolate, café com chocolate e poesia andam me comovendo mais.
Estou farta do meu problemático eu.