sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Desafinado

Saindo da vibe das revoltas natalinas,
Eis aqui um antídoto para a cabeça e o coração:

"Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu"

Hipocrisia Natalina




 
Hoje é véspera da véspera de Natal, dia 23 de dezembro e eu já estou farta, indigesta. Mas não de peru ou de panetone. Estou saturada dessas hipocrisias natalinas. Primeiramente eu estava tentando ignorar. Depois, comecei a criticar mentalmente e ironizar. Agora, quando tudo se embrulha em meu estômago tão desconfortavelmente, que parei e percebi que me restaram duas opções: deixar-me levar pelo "Espírito Natalino" ou revoltar-me. Considerando que o primeiro, a meu ver, é uma hipocrisia, portanto segui a segunda.
Porém, não adianta, todos consideram que rebeldia é bobagem. Contento-me então a observar, observar. Objetivando o desabafo, resolvi fazer uma lista das hipocrisias que me deixam mais "puta". É, não preciso de uma palavra sisuda para descrever a minha indignação.
1 - É aniversário de Jesus, mas o presente quem ganha presente somos nós.
2 - Ao invés de seguirmos os valores e ensinamentos que o aniversariante deixou: paz, amor, solidariedade, caridade etc etc. O Natal está mais para a festa do capitalismo e do consumismo.
3 - O Natal é cheio de tradições. E a forma como as pessoas agem, quer mostrar que VOCÊ SÓ SERÁ FELIZ se segui-las.
4 - O décimo terceiro foi feito para à alegria natalina. Você só será afortunado e terá o carinho de seus amigos de parentes se COMPRAR presentes.
5 - Ir à shoppings lotados GASTAR é sagrado. Árvore sem presente não vale. Opa, mas não era o Papai Noel que os levará?
6 - O Peru assado é indispensável. Um chester, um pernil, um porco e familiares.
7 - Coma MUITO, gaste MUITO. Jesus quer te ver feliz, e não há maior felicidade que a mesa farta
8 - Reuniremos à família, e celebraremos os presentes, à comida. E o que mais mesmo? Sim, Jesus.
9 - Não nos esqueçamos, é claro, do panetone. Natal sem panetone não é Natal.
10 - Pessoas que são inconvenientes e mau-humoradas o ano inteiro, de repentes, contagiadas pelo ''Espírito Natalino" distribuem sorrisos e Feliz Natal, Boas Festas.
E depois volta tudo ao normal. É momentâneo. Os presentes, a materialidade e seguir as "tradições", não remediar, mas não curar. A tristeza e o vazio de nossos corações. Pessoas ainda estarão morrendo de fome, frio. Sem carinho, amor e esperança. Haverá ainda moradores de rua, assaltantes, viciados, negligenciados. Possuir, comprar, ter, não adiantará. Há coisas que não estão há venda. E não há valor monetário atribuível a estas coisas. O problema não é comemorar o Natal. A questão é a forma, e o sentimento das pessoas em relação à este. Vejo cada vez mais tristeza, solidão.
Utilizemos o Natal para celebrar nosso mestre Jesus. Independente se você acredite ou não. Proponhamos à reflexão. De nós mesmos. De nossas condutas e propósitos. Muitos estão despedaçados. Perdidos e anêmicos .Não vamos semear mais hipocrisia, pois isso é encontrado em abundância no Natal. Celebremos à união, o amor e a sinceridade.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Um amigo

Neste momento, é tudo o que eu mais aspiro. Infelizmente a realidade é bem diferente. Que bom seria que todos os anseios se transformassem em realidade. Impossível seria. O que me resta, são meia dúzia de amarguras, e uma tristeza sem fim. Procuro colo, um remédio. Um solução. Temporária talvez. Algo ou alguém, que afirmasse que tudo ficará bem. Que amanhã não choverá. Que eu acordarei com o sol irradiando seu esplendor pela fresta de minha janela. E um som sereno, não estridente, me fizesse acordar. Mas não seria um despertador. Nem a televisão ou a sirene dos bombeiros. Seria uma ligação. E quando sonolenta, eu espreguiçasse meu corpo enquanto minhas mãos tentassem alcançar o celular no móvel ao lado. Ímpeto, eu abriria meus olhos. E quando eu visse o nome da pessoa no visor do aparelho, daria um sorriso. O primeiro de muitos que viriam no decorrer do dia. Eu conversaria, e riria. Aqueles problemas e monstros não seriam mais os protagonistas de minha vida. Aliás, muitos deles nem existiriam. E depois, quando eu desligasse o telefone. Sentiria paz, força, amor. Seguiria em frente, enfrentaria o que fosse possível. E quando sentisse que iria fraquejar, eu teria a quem procurar
Deixemos os sonhos para lá. A realidade é bem diferente. E poderia ser. Mas como mudar o atual? Tudo se assemelha a um ciclo. Não tem para onde correr, ou fugir. Todos são vilões e vítimas ao mesmo tempo. Todos nós estamos tristes, saturados, desgastados das chibatadas desse cotidiano cruel e intolerante. O otimismo foi-se a tempos. Aquela história de que tudo é um aprendizado também. Dias e noites cinzentos. Não importa se há um palhaço ou centenas de brilhantes natalinos. Não importa se há pouco ou muito pouco dinheiro no bolso. Ter a roupa da moda ou viajar pra praia, tanto faz.
Tem horas que a insatisfação é tão intensa, que nenhuma materialidade pode reconstruir nossos corações mutilados. Não há sonhos, ou desejos. Não há a espera de um futuro bom. A ceia não será posta, o Papai Noel não trará presentes e não faremos aquela lista de desejos e metas para o ano novo.
Porque não esperamos mais. Vivemos cada dia e só. Estamos miseravelmente carentes. De amor, de amizade. Mas de verdade. Chega de coleguismo, puxa-saquismo e derivados. Estou cansada, estamos cheios de hipocrisia. Queremos o verdadeiro, sincero e duradouro. Uma ligação, um abraço, uma demonstração. Palavras, abraços. Auxílio, risos. Compartilhar, doar-se. E um tanto mais. Alguém que não desista de você. Alguém que sempre esteja com você, seja de corpo, ou de alma.
E será que seremos escolhidos para tal prêmio? Ou talvez o possuímos e estamos tão cegos que sozinhos não conseguimos mais reconhecer? O momento não é o mais propício para a resposta. Até porque o que fazemos no momento é pescar, procurar e criar as tais. Estamos solitários, mas não sozinhos. Clamando por um bom amigo.