segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Dói

Diariamente dói

Mas chega hora que dor lancinante arrebata o peito
Naquele momento só consegui fugir do tenebroso lugar familiar
Andei depressa, não corri
O trotar dos passos acompanhava as lágrimas quentes que molhavam o meu rosto
Chorei de dor, de saudade, de solidão, de arrependimento, de rancor,
Chorei sem motivo,  chorei como uma criança adulta perdida.
Nem o trânsito do horário do rush, nem as buzinas, nem as pessoas apáticas e apressadas, nem os livros pesados e o calor infernal existiam a minha volta.
Chorei porque minha mãe não estaria mais por perto, chorei porque todos os meus amigos se foram, chorei pelos romances idiotas que me fizeram acreditar em príncipes encantados, chorei por minha miséria, minha incurável tristeza, por meu coração infantil que se deixa encantar tão facilmente...quanta tolice...resgate agora os frutos da sua ingenuidade.
Chorei, chorei, mas dessa vez não tive dó de mim.
Chorei porque pouco restou.
Chorei pelas roupas desbotadas, chorei pelos livros que não me agradam mais, chorei pelas contas a pagar, pelo miserável salário que não dá....Ah, chorei bastante. Chorei até limpar minha alma despedaçada.
Por fim, Restaram lágrimas, o apartamento vazio, uma canção triste, amargor no peito, e milhares de tralhas interiores e exteriores pra arrumar.

Crescer dói.